Quais são as metas internacionais de segurança do paciente?
Você sabe quais são as metas internacionais de segurança do paciente?
A segurança do paciente é um tema crucial na área da saúde, uma vez que a vida é considerada o bem mais precioso.
Quando se discute cuidados de saúde, parte-se do princípio de que danos não devem ocorrer, e é necessário estabelecer processos estruturados que visem a segurança do paciente.
Os erros e complicações que surgem no cuidado em saúde, causando danos aos pacientes, são denominados eventos adversos (EA).
Esses eventos podem ser evitáveis e representam um grande desafio para a equipe de enfermagem, pois comprometem a qualidade do cuidado e a segurança dos pacientes.
O que é segurança do paciente?
Em 2009, a Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu segurança do paciente como a redução ao mínimo aceitável do risco de danos desnecessários durante a atenção à saúde.
Essa definição também foi adotada pela Portaria MS/GM nº 529/2013, que estabelece o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP).
O PNSP engloba diversas condutas voltadas para aprimorar a segurança ambiental e o gerenciamento de riscos, tendo como objetivo a redução dos eventos adversos.
Quais são as 6 metas internacionais de segurança do paciente?
Considerando o PNSP e a redução dos eventos adversos, Silva e Magalhães (2018) descrevem as 6 metas internacionais de segurança: identificação do paciente, comunicação entre profissionais de saúde, uso de medicamentos (prescrição, dispensação e administração), cirurgia segura, higiene das mãos e prevenção de quedas e lesões por pressão.
A equipe de enfermagem desempenha um papel fundamental na prevenção de incidentes, não apenas por ser composta pelo maior número de profissionais, mas também pelo contato direto com os pacientes, o que lhes permite perceber suas necessidades reais e antecipar situações específicas de cada indivíduo.
A competência, habilidade, conhecimento, compromisso e atitude dos profissionais podem contribuir para a identificação e quantificação dos incidentes mais comuns, possibilitando o desenvolvimento de novas condutas e técnicas para eliminar esses problemas e proporcionar segurança aos pacientes.
Estudos indicam que incidentes relacionados à assistência à saúde e, em particular, eventos adversos, afetam de 4% a 16% dos pacientes hospitalizados em países desenvolvidos.
Um estudo realizado em cinco países da América Latina entre 2007 e 2009 também revelou que 10,5% dos pacientes hospitalizados sofrem algum tipo de evento adverso, sendo que 58,9% deles poderiam ter sido evitados.
Explicação das Metas de Segurança do Paciente
Nas próximas linhas, vamos abordar cada uma das 6 metas internacionais de segurança do paciente.
Meta 1: Identificação Correta do Paciente
A primeira meta de segurança do paciente é a identificação correta do paciente.
Isso significa garantir que a pessoa que está recebendo atendimento médico seja corretamente identificada em todas as etapas do processo.
Por exemplo, na área hospitalar, a identificação do paciente pode ser realizada por meio de três informações básicas: nome do paciente, data de nascimento e nome da mãe.
Esses dados podem ser verificados por meio de uma pulseira de identificação colocada no paciente durante o período da internação e da plaqueta de identificação do paciente, que pode estar localizada junto ao pé da cama ou próximo à cabeceira do leito.
Além disso, podem ser utilizadas pulseiras coloridas para diferenciar situações específicas, como o risco de queda ou alergia a medicamentos.
Para contribuir com a identificação correta do paciente, é importante que tanto o paciente quanto os familiares estejam atentos e verifiquem se as informações na pulseira estão corretas.
Durante a internação, é extremante importante que as pulseiras de identificação não sejam removidas devendo permanecer com o paciente até a alta.
É recomendado também que os profissionais de saúde confirmem a identificação antes de administrar medicamentos, realizar exames ou procedimentos.
Meta 2: Comunicação Efetiva
A meta de comunicação efetiva tem a finalidade de garantir uma comunicação clara, objetiva e compreensível por todos os envolvidos no cuidado do paciente.
A segurança no ambiente hospitalar depende integralmente de uma boa comunicação entre profissionais de saúde, pacientes e familiares.
Isso inclui a passagem de plantão entre as equipes, transferências internas e externas, ordens verbais em situações de emergência, divulgação de resultados de exames, registros no prontuário, escuta de queixas e sintomas, além de esclarecimentos sobre a condição de saúde do paciente e os procedimentos realizados.
Para contribuir com a comunicação efetiva, é importante que o emissor da informação verifique se a mensagem foi compreendida corretamente pelo receptor e esteja disposto a responder perguntas e fornecer explicações adicionais, caso necessário.
Pacientes e familiares também têm um papel importante na comunicação, esclarecendo suas dúvidas e buscando informações quando necessário.
Meta 3: Melhorar a Segurança dos Medicamentos
A meta de melhorar a segurança dos medicamentos tem como foco principal a prevenção de erros na utilização de medicamentos, especialmente aqueles considerados de alta vigilância ou potencialmente perigosos.
Esses medicamentos apresentam um maior risco de causar danos aos pacientes quando ocorrem falhas em sua administração.
É importante as unidades hospitalares apresentar um sistema informatizado com alertas nas prescrições médicas e sinalização dos medicamentos de alta vigilância.
Além disso, a checagem no preparo e na administração deve ser realizada por dois colaboradores.
Para contribuir com a segurança dos medicamentos, é importante que pacientes e familiares estejam atentos e verifiquem se a equipe assistencial está conferindo as informações das pulseiras de identificação com a prescrição médica.
Também é fundamental esclarecer dúvidas e informar sobre possíveis alergias a medicamentos
Meta 4: Cirurgia segura
A Meta 4 das Metas Internacionais de Segurança do Paciente trata da cirurgia segura.
O objetivo principal é garantir que os pacientes estejam seguros antes, durante e após uma cirurgia. Isso significa tomar medidas para evitar erros e complicações durante o procedimento.
Uma das coisas importantes é que a equipe médica marque o local correto da cirurgia no corpo do paciente antes de começar.
Isso ajuda a evitar confusões e erros. Além disso, todos na equipe cirúrgica devem confirmar verbalmente a identidade do paciente e o tipo de cirurgia que será feita.
Também é essencial ter uma boa comunicação entre a equipe médica, incluindo cirurgiões, anestesistas e enfermeiros. Eles devem trabalhar juntos e se certificar de que todos estão na mesma página.
A Meta 4 destaca a importância de envolver os pacientes e seus familiares no processo cirúrgico. Isso significa fornecer informações claras sobre o procedimento, responder a todas as perguntas e garantir que o paciente esteja confortável e confiante.
Em resumo, a Meta 4 se concentra em tornar as cirurgias mais seguras, evitando erros e melhorando a comunicação entre a equipe médica e os pacientes. Isso ajuda a reduzir o risco de complicações e garante um cuidado de qualidade para todos os pacientes que passam por cirurgias.
Meta 5: Reduzir o Risco de Infecções Associadas aos Cuidados
A meta de redução do risco de infecções associadas aos cuidados busca prevenir e reduzir o risco de infecções adquiridas durante procedimentos, monitoramento e tratamento de pacientes no hospital.
Algumas pessoas apresentam maior propensão a infecções, como idosos, pacientes com câncer, doenças imunossupressoras, lesões extensas na pele, submetidos a cirurgias de grande porte, transplantes, além de diabéticos, obesos e fumantes.
Para contribuir com a prevenção de infecções, é fundamental que pacientes e familiares se envolvam no processo.
Eles devem esclarecer suas dúvidas e higienizar as mãos com álcool em gel antes e após o contato com o paciente, seguindo as orientações e procedimentos adequados.
Meta 6: Reduzir o Risco de Danos aos Pacientes Resultantes de Lesões por Pressão e Quedas
A meta de redução do risco de danos aos pacientes devido a lesões por pressão e quedas busca implementar medidas de segurança específicas para prevenir esses tipos de eventos.
Na área hospitalar, por exemplo, podem ser adotados dois protocolos:
1 – Protocolo de prevenção de lesões por pressão: identifica os pacientes com risco de desenvolver lesões na pele, como escaras e úlceras de pressão, durante o período de internação. A avaliação do risco é feita diariamente com base nas condições clínicas do paciente, e medidas de prevenção são aplicadas.
2 – Protocolo de prevenção de quedas: identifica os pacientes com risco de queda e esses recebem uma pulseira de identificação vermelha. O objetivo é agir preventivamente para evitar quedas e lesões.
A avaliação do risco deverá ser realizada desde a entrada do paciente, considerando suas condições clínicas e necessidades. Todos os pacientes são orientados sobre os riscos.
Para contribuir com a redução de riscos, pacientes e familiares devem ser orientados quanto a manter a pulseira de identificação até a alta.
Os profissionais de enfermagem devem realizar ações que visam proteger o paciente, como ajudar o paciente a se levantar da cama para ir ao banheiro, informar a toda a equipe de enfermagem em caso de queda, manter a grade da cama elevada, estimular a ingestão de alimentos e água conforme orientação da equipe, informar sobre alterações na pele do paciente, solicitar a troca de lençol caso esteja molhado ou sujo, e manter a pele do paciente limpa e seca.
Essas seis metas têm como objetivo garantir um ambiente seguro e promover a segurança dos pacientes durante a internação.
Para isso, é essencial que tanto os pacientes quanto seus familiares participem ativamente do processo, estejam atentos às informações e esclareçam suas dúvidas.
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Conclusão
As Metas Internacionais de Segurança do Paciente são um conjunto de diretrizes e objetivos estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para melhorar a qualidade e segurança do cuidado médico em todo o mundo. Essas metas visam reduzir os riscos e danos associados aos cuidados de saúde, promovendo práticas seguras e efetivas.
Ao longo deste artigo, exploramos seis dessas metas, cada uma abordando aspectos cruciais da segurança do paciente. A Meta 1 destacou a importância da identificação correta do paciente, garantindo que o cuidado seja direcionado à pessoa certa. A Meta 2 enfatizou a comunicação efetiva como base para uma assistência segura, promovendo o entendimento mútuo entre profissionais, pacientes e familiares.
A Meta 3 abordou a segurança dos medicamentos, alertando para os riscos associados ao uso inadequado de medicamentos e a importância da verificação e conferência adequada. A Meta 4 ressaltou a necessidade de cirurgias seguras, envolvendo a marcação correta do local da cirurgia, a confirmação verbal da identificação do paciente e a importância da comunicação entre a equipe cirúrgica.
A Meta 5 concentrou-se na prevenção de infecções associadas aos cuidados, destacando a importância da higiene das mãos e medidas preventivas para reduzir o risco de infecções hospitalares. Por fim, a Meta 6 abordou a prevenção de lesões por pressão e quedas, enfatizando a adoção de protocolos preventivos para minimizar esses riscos.
É evidente que as Metas Internacionais de Segurança do Paciente desempenham um papel vital na promoção de um ambiente de cuidados mais seguro e eficiente. No entanto, é importante ressaltar que a segurança do paciente é uma responsabilidade compartilhada, envolvendo profissionais de saúde, pacientes e seus familiares.
Ao trabalhar em conjunto, implementando medidas preventivas, garantindo a comunicação aberta e transparente, e buscando o envolvimento ativo dos pacientes, podemos melhorar significativamente a segurança e a qualidade dos cuidados de saúde.
Em última análise, a busca por uma assistência segura e de qualidade deve ser um compromisso contínuo de todos os envolvidos no sistema de saúde, visando sempre aprimorar as práticas e promover a segurança do paciente como uma prioridade máxima.